Revolução Cívica
domingo, outubro 26, 2003
   
  O Sr. Fukuyama escreveu há alguns anos que tinhamos chegado ao fim da história. Queria ele dizer com isto que se tinham acabado as revoluções - o sistema político seria sempre a democracia e o sistema económico seria sempre o mercado. Nós queríamos pensar que este gajo seria uma abécula vendido aos mais torpes interesses. Claro que não podíamos - o gajo tinha razão. Temos pena que o Sr. F. não tenha também demonstrado que a cultura seria sempre a cultura de espectáculo dos mass media. No dia em que li o Fukuyama sonhei com o mundo no ano 3000. Os países pobres tinham conseguido um novo plano Marshal. Neste novo plano todos os habitantes dos países pobres teriam direito à implantação de uma televisão no cérebro (não me lembro como se chamava esta máquina no ano 3000). Passariam também a ser alimentados por esta máquina (uma espécie de culinária hertziana). Como contrapartida tinham de passar 20 horas por dia no sistema de pilhas humanas da matriz, não se podiam reproduzir e prescindiam de votar (finalmente livres - embora até fosse giro votar todos os sábados em coisas que não faziam a mínima ideia do que eram). Este plano Marshal tinha sido o resultado de uma revolução socialista ocorrida na Califórnia, durante o Verão, por iniciativa de um operador turístico que queria animar a zona de Berkeley. De facto, as coisas tinham-se descontrolado um pouco mas o tal operador ficou rico e o governo americano não se chateou com a revolução.
A esperança renasceu para os povos. Aleluia. Depois de ter acordado pensei que tinha sido pena não ter sonhado com o renascimento das empresas públicas (alguém me explica porque é que não podem ser eficientes?) e com a construção de uma democracia na qual as pessoas tinham de saber alguma coisa sobre os assuntos em que votavam. Se daqui a uns dias me apetecer voltar a este blog sou capaz de contar mais sonhos. Não sei para quê - mas isso já não me interessa. Estou a achar fixe a sensação de escrever para o éter. 
Quisemos fazer um blog realmente ridí­culo - por isso pensámos numa coisa séria demais - reformar a democracia das ignorâncias, o mercado do domínio e a cultura predatória - temos uma ideia vaga de tudo isto - por isso fez-se este blog para falar com o éter.

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